Acerca da visita de cristãos a templos e locais sagrados de outras religiões

“Há caminhos que parecem certos,
mas podem acabar levando para a morte.”
(Pv 14:12)

O objetivo deste texto é orientar as pessoas tementes ao Eterno, Criador dos Céus e da Terra, para uma situação que vez ou outra ocorre, que é a visita a templos de religiões que adoram deuses diferentes do Deus Único.

Em viagens de férias é relativamente comum haver visitas a “lugares sagrados”, ocasiões em que é preciso ser cuidadoso para não cometer a mais odiosa infração descrita na Bíblia: a idolatria.

Viagens a países como Índia, África, Cambo­ja, Tailândia, Egito, Indonésia, Japão, Peru etc., além da apreciação de exuberantes paisagens, qua­se sempre incluem visitas a templos relacionados às religiões tradicionais dessas regiões. Até mesmo em Israel, costuma-se visitar, em Cesareia de Filipe, um local onde se fazia adoração ao deus Pan e a várias outras entidades. Ou seja, em muitas viagens estamos sujeitos a locais destinados à adoração de deuses que são incompatíveis com o Deus Único, da crença monoteísta.

Em primeiro lugar, não há proibição de os cristãos visitarem esses locais para fins de conhecimento histórico ou cultural. Tampouco há a indicação de desrespeitar ou ofender, pois Deus parece pouco preocupado com estruturas ou instalações físicas, mas está muito mais inclinado a sondar as atitudes junto com a motivação dos corações. Assim, o respeito não deve ser àquele deus ali cultuado, mas às pessoas ao redor.

Aqui um breve parêntese: a ideia de que importa mais a intenção do que as atitudes efetivamente concretizadas é uma concepção grega, helenista, dissociada da visão bíblica, segundo a qual as crenças podem ser ratificadas ou infirmadas dependendo das ações. Na cultura bíblico-hebraica, não se admite acreditar em algo e agir de modo diferente. Pelo contrário, chega a ser mais valioso o comportamento do que aquilo em que se diz crer. Isso porque os pensamentos geram sentimentos que, mais cedo ou mais tarde, conduzirão a ações. Por isso é que, sempre que a Bíblia fala em julgamento, recompensa etc., ela não diz que serão considerados os pensamentos e sim as atitudes.

Então, encontrando-se em determinado local ou templo “sagrado”, destinado a um deus que não cultuamos, como agir?

Usarei as lições de Maimônides, que viveu entre 1135 e 1204, foi rabino, médico, astrônomo, filósofo e es­critor. É considerado um dos maiores pensadores do judaísmo. No livro Os 613 mandamentos divinos (uma entre centenas de obras que escreveu), encontram-se orientações úteis para o tema.

Nesse livro, Maimônides compila, organiza e comenta os 613 mandamentos divinos extraídos da Torá escrita, tam­bém conhecida como Pentateuco, equivalente aos cinco primeiros livros do Antigo Testamento da Bíblia cristã (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio). São 248 mandamentos positivos, Deus dizendo “faça”, e 365 mandamentos negativos, d’Ele dizendo “não faça”.

Os Dez Mandamentos – também chamados Decálogo – que católicos e protestantes bem conhecem, fazem parte desses 613 mandamentos, cujos demais são uma espécie de desdobramentos daqueles. 

As Sete Leis de Noé – conhecidas como Sete Leis Universais – igualmente fazem parte. Essas Sete Leis de Noé são os mandamentos que, segundo o judaísmo, toda a humanidade é obrigada a observar, pois os Dez Manda­men­tos são ordens específicas ao povo hebreu (judeu). São elas: não praticar idolatria; não blasfemar contra Deus; não cometer homicídio; não roubar; não cometer adul­té­rio e não manter relações incestuosas; estabelecer tribunais; e não molestar os animais ingerindo um órgão retirado em vida.

Tanto no Decálogo como nas Leis Universais há a expres­sa proibição da idolatria, isto é, do culto a outros deuses: “Não terás outros deuses além de mim”.

Mas o que implica “cultuar” outros deuses?

Maimônides, ao comentar os mandamentos que tratam da idolatria, dá valiosas orientações:

1) “Não crer nem atribuir divindade a outro que não seja o Deus Único – A primeira dentre as proibições (mitsvót lô taasê) é a Proibição Divina de chegar a pensar que possa existir alguma outra divindade que nãosejaDeus (louvado seja).”

Ora, de fato existem seres espirituais criados por Deus, inicialmente apenas anjos, mas, com a rebeldia de Lúcifer e daqueles que o seguiram, desde sua queda, existem tanto anjos como demônios.

A questão é que, apesar de esses seres terem alguma influência no plano terrestre, a nenhum deles devem ser atribuídas características de divindade, pois apenas o Criador as possui: eternidade, onisciência, onipresença, onipotência etc. Portanto, não se deve nem pensar que existe outro “deus”.

2) “Não se curvar diante de um ídolo – A proibição (mitsvát lô taassê) número cinco é a Proibição Divina de curvar-se diante de um ídolo, e está claro que o termo ‘ídolo’ significa qualquer outro objeto de ado­ração que não Deus.” 

A mensagem de Êxodo 20:5 é: “Não te curvarás a elas, nem as servirás…”. Isso implica duas dimensões de proibições: das quais são vedadas tanto a adoração na forma de prostração como também qualquer outra forma de culto.

Maimônides esclarece que esse impedimento en­vol­ve quatro atos de adoração: curvar-se; oferecer sacrifícios;queimar incenso; e fazer qualquer tipo de oferenda (vinho, por exemplo).

3) “A proibição (mitsvát lô taassê) número seis é a Proibição Divina de adorar ídolos, ainda que de outras formas além das quatro especificadas antes, desde que aquele ídolo específico seja normalmente adorado dessa maneira…”

Aqui o objetivo é eliminar qualquer brecha de interpretação. Assim, não importa se a adoração foi feita numa das formas anteriores ou não; qualquer atitude que signifique um modo de adorar determinada entidade espiritual é considerada pecado à luz da Bíblia.

CONTINUA…


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Sobre o Autor

H. S. Lima

H. S. Lima é escritor, advogado e palestrante. Tem como propósito de vida compreender os princípios eternos contidos principalmente nos cinco primeiros livros do Antigo Testamento, chamados de Pentateuco ou Torá, identificar a compatibilidade com a mensagem de Jesus Cristo, para então ensinar como observá-los na vida pessoal e profissional.

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